terça-feira, 26 de maio de 2009

INFÂNCIA

Na memória os tempos da infância.
As manhas na minha casa,
Mamães no canto da cozinha e o fogo abanando.
Nosso quintal ta bem varrido,
O mamoeiro proporcionava alegria a mim e aos
Passarinhos.

Lembro também do meu pai,
Livros e mais livros sob os braços,
Atendendo as suas aulas,
Na casa velha transformada em colégio,
Onde poucos sôfregos corriam a estudar.

E a pracinha...
O capinzal a invadir,
Brincávamos, eu e os outros,
E a banda que aos domingos à tardinha,
Tocava no velho tablado.

A alvorada de sanhaços nas figueiras,
E no fim do entardecer
Meu avô, como o vejo na botica,
A atender, sem cessar,
Farmacêutico e medico do povo.

Lembro-me ainda do meu avô,
Já sentindo o tempo,
Preparando lá no fundo:
- Xaropadas ­­– Invenções curativas,
Para sanar a dor e o infortúnio.

Da morte do meu avô,
presente na minha memória,
Morreu de tanto atender á dor,
Dor de todos, dor da vida.
Não me lembro de mais nada.

O ARTESÃO : F. AFFONSO SANTA ROSA

CASA DE CARIDADE CHARITAS



A terra Cabofriense, talvez não tenha um próprio público que tanto beneficio proporcionou a sua comunidade como a Casa da Caridade (Charitas)

Houve um período, na sua vida de Cabo Frio em que era grave o estado de abandono de recém-nascido e crianças fruto de relação entre brancos com escravas e índias.

Com a mencionada agravante, tornou-se não só necessário, como também importante, a existência de local onde os recém-nascidos e crianças conseguissem receber a caridade para viver.

Assim, levado pela caridade, o Major Belegarde, em 1837, construiu “Casa da Caridade” (Charitas) para acolher os recém-nascidos e crianças abandonadas que eram largada na calada da madrugada.

A comunidade, à época, denominou de “Casa da Roda” devido a existência de roda na porta de entrada, onde colocavam a criança ou o recém-nascido e pelo local, a senhora, a dona (administradora) da Charitas, retirava a criança, sem aparecer, permanecendo no interior de casa, pois a roda, o mecanismo fazia o recém-nascido entrar.

Havia, portanto, a necessidade de não se conhecer tanto quem deixava a criança como quem a recebia.

A Charita abrigou durante um período o Fórum de Cabo Frio, foi abrigo do 1º grupo de artilharia, quando por ocasião da 2º guerra mundial, considerando-se a vasta costa do atlântico nas nossas paragens.

A Casa de Caridade, Charitas, apresenta mais de um século e meio de história, são cento e sessenta e seis anos, quando foi construída pelo Major Belegarde que faleceu aos 37 anos de idade.

Com o perpassar dos anos já no processo dos nossos dias, abrigou a Casa da Cultura, Biblioteca Municipal, Salão de Exposições, Cursos, Pesquisa, Pinacoteca e Museu José de Dome e, finalmente Secretaria Municipal de Cultura.

A Charitas encontra-se devidamente tombada pelo Patrimônio Histórico.

O seu contorno é cercado de jardins e lá está o Pelourinho, datado de 1660, sendo uma coluna de pedra que representa as armas e as insígnias, onde se afixavam os editais da Câmara Municipal e apresentava ao povo, criminosos que teriam que ser castigados.

Como se verifica, a história de Cabo Frio, passa, obrigatoriamente, pela presença da Casa da Caridade, Charitas e o passado determina as páginas da nossa história, contada pelo Major Belegarde.